sábado, 5 de março de 2016

10. Delayte




Delayte

O grande sol me ilumina no meio-dia da minha vida
Ó, quem soubera da minha aurora?! E meu ocaso – quem o anunciaria?!

O maior mentiroso que existe me disse: “nunca me arrependi”
E quem garante que a vida prescinde da mentira?

Todo conhecimento vem acompanhado de uma dor do parto
Por meus rebentos, me arrebento inteiro – e até a lua está em um quarto

Aceite cumprir teu destino – o que escolheste ou o para o qual foi escolhido:
Que o kairós seja para ti um deleite, um delírio, um devir!

Um gênio vai à loucura, entretido em sua própria contemplação
Grita para sua obra: “Fala! Fala!” – enquanto a estraçalha

Uma fênix dourada, enternecida por sua asa ferida
Voa de volta pra casa e se aninha dentre a sua mirra

No dia mais belo da estação, por um mal-estar sofro um bocado
O que os fracos chamam “pecado”, eu redimo chamando de – acaso

Aquilo que eu mais gosto de ouvir é a minha canção
E a que ainda quero ouvir é a que escreverei a quinhentas mãos

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