sábado, 5 de março de 2016

02. Felicidade Perene, Alegrias Efêmeras




Felicidade Perene, Alegrias Efêmeras

“A alegria deve ser compartilhada”
Assim reza uma legenda moralista
Mas, onde houver sabedoria sublimada:
- A felicidade é uma coisa egoísta.

Pois, aquilo que me enche a vista
Aos outros não deve dizer nada
Mas, da vontade, já fui contorcionista
Espetáculo de horror de uma vaidade envenenada

Com a experiência vem a medida justa
A picada da víbora desperta Zaratustra
Pra minha sanidade, uma dose de loucura
Para estas verdades, uma distância segura

Pra purificar as fontes da minha paixão
Recuperar a inocência da visão
Afiar as flechas do grande anseio
E recuperar da atrofia a musculatura do desejo

Oxalá que a corda do meu arco
Não venha a desaprender a vibrar
Pois, pela marcha mais pesada
Vem se tornando leve pedalar

Nunca é fácil desprender-se do rebanho
Ser tido como um monstro, o estranho
Nem “agradecer” por tanto entulho
Quando ele se interpõe entre mim e meu orgulho

Se hoje lanço um sereno sorriso
Ante uma imperturbada visão do paraíso
Sei que foi devido ao assombro
De tanto descer ao Hades por um caminho sombrio

Hoje há pendurada em minha porta
Uma insígnia inscrita em minha guirlanda:
Zelar pela abundância sem errar pelo excesso
E viver uma felicidade perene, de alegrias efêmeras




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